
Por Clarice Lispector
Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei porque foi essa que segui. Talvez porque para as outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós. É que não sei estudar. E, para escrever, o único estudo é mesmo escrever. Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E, no entanto, cada vez que vou escrever, é como se fosse a primeira vez. Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz.
Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei porque foi essa que segui. Talvez porque para as outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós. É que não sei estudar. E, para escrever, o único estudo é mesmo escrever. Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E, no entanto, cada vez que vou escrever, é como se fosse a primeira vez. Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz.
Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa
é o que eu chamo de viver e escrever.
Escrevo como que para salvar a vida de alguém,
provavelmente a minha.
Fonte: Waldman, B. Clarice Lispector.S.Paulo, Braziliense.1988.
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