Wilson Batista / Haroldo Lobo
Não, não faz tanto tempo assim. Os poetas cantavam uma outra mulher. Uma mulher que era toda dedicação ao lar. Sua vida estava centrada em sua casa, seus filhos e seu companheiro. Seu prazer, objetivo final era proporcionar o bem-estar e o equilíbrio familiar. Para ela revertiam as angústias, aflições...Quem não conhece, ao menos, um caso dessas fortes mulheres que, em busca da estabilidade emocional de seus filhos e do apoio à vida profissional de seus maridos, abriram mão de anseios e aspirações outras? Os casos são muitos, mas todos eles revelam algo em comum: essa mãe era uma presença diária, dava o norte, acolhia. Essa mãe dava o tom...com um olhar se fazia compreender. Ela era esteio, segurança e porto seguro.
Não, não se trata da apologia do que se foi, de um tempo em que o homem era o mantenedor da família. Cabe, simplesmente, resgatar alguns aspectos que faziam parte do papel daquela mulher que, aparentemente, nos parecia alienada do mundo exterior, mas que, silenciosamente, cuidava da economia doméstica, dava aulas particulares a seus filhos, organizava e realizava as tarefas de casa, olhava pela saúde de todos, dentre outros tantos afazeres.
Aquela mãe possuía algo sobre o qual temos que nos debruçar: sensibilidade e intuição. Era por meio dessa intuição que descobria talentos. Era mediadora, conhecia a todos e sabia retirar de cada um, de uma forma diferente, o que de melhor podia. Intuição, equilíbrio e sensatez.
As inúmeras jornadas
Nos últimos cinqüenta anos muita coisa mudou porque o mundo sofreu alterações profundas e velozes. Há uma nova mulher, uma mulher que conquista espaços cada vez maiores e mais significativos. Descobriu o mundo profissional, por necessidade e por vontade. Ela busca realizações intelectuais, financeiras, afetivas, sexuais. Descobriu-se como mulher e como um ser produtivo fora do lar. Sua contribuição financeira é, a cada dia, mais importante. Encontra, a todo momento, um novo curso para fazer, uma forma de crescimento diferenciada. Seu caminho apenas começou; afinal, esse mundo foi por tanto tempo trilhado somente pelos homens...
Mas essa mesma mulher enfrenta, hoje, questões sérias e desafiadoras quando no exercício de sua função materna. Seu tempo é curto, diante das longas jornadas de trabalho e de estudo. Chega, ao final do dia, muitas vezes, cansada...o dinheiro anda curto, as crianças pedem tanto.... Preparar o jantar, ir ao supermercado, cuidar da casa, pagar contas, reuniões da escola, ser motorista dos filhos, acolher o companheiro que não está bem, a avó que está doente, conversar com a empregada...(Quem falou mesmo em dupla jornada???? Talvez quádrupla...) . Os papéis são mesmo muitos. Exigem bastante, física e emocionalmente. Como olhar os filhos com o tempo e a qualidade que ela exige de si própria? Sim, porque essa é uma mulher exigente, uma mulher que tem lutado duramente para conseguir proporcionar o melhor a sua família.
Essa não é mais a personagem da popular canção que tão inocentemente ilustrou um determinado momento de nossa sociedade...Ela parece ter ultrapassado limites, derrubado fronteiras, escalado montanhas...agora parece mais Maria, a que o poeta enxergou e, com a lucidez típica dos visionários, retratou ...
Maria, Maria é um dom, uma festa, magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer no planeta
Maria, Maria é um som, é a flor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas agüenta
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça, é preciso ter gana, sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria mistura a dor e a alegria
Não, não faz tanto tempo assim. Os poetas cantavam uma outra mulher. Uma mulher que era toda dedicação ao lar. Sua vida estava centrada em sua casa, seus filhos e seu companheiro. Seu prazer, objetivo final era proporcionar o bem-estar e o equilíbrio familiar. Para ela revertiam as angústias, aflições...Quem não conhece, ao menos, um caso dessas fortes mulheres que, em busca da estabilidade emocional de seus filhos e do apoio à vida profissional de seus maridos, abriram mão de anseios e aspirações outras? Os casos são muitos, mas todos eles revelam algo em comum: essa mãe era uma presença diária, dava o norte, acolhia. Essa mãe dava o tom...com um olhar se fazia compreender. Ela era esteio, segurança e porto seguro.
Não, não se trata da apologia do que se foi, de um tempo em que o homem era o mantenedor da família. Cabe, simplesmente, resgatar alguns aspectos que faziam parte do papel daquela mulher que, aparentemente, nos parecia alienada do mundo exterior, mas que, silenciosamente, cuidava da economia doméstica, dava aulas particulares a seus filhos, organizava e realizava as tarefas de casa, olhava pela saúde de todos, dentre outros tantos afazeres.
Aquela mãe possuía algo sobre o qual temos que nos debruçar: sensibilidade e intuição. Era por meio dessa intuição que descobria talentos. Era mediadora, conhecia a todos e sabia retirar de cada um, de uma forma diferente, o que de melhor podia. Intuição, equilíbrio e sensatez.
As inúmeras jornadas
Nos últimos cinqüenta anos muita coisa mudou porque o mundo sofreu alterações profundas e velozes. Há uma nova mulher, uma mulher que conquista espaços cada vez maiores e mais significativos. Descobriu o mundo profissional, por necessidade e por vontade. Ela busca realizações intelectuais, financeiras, afetivas, sexuais. Descobriu-se como mulher e como um ser produtivo fora do lar. Sua contribuição financeira é, a cada dia, mais importante. Encontra, a todo momento, um novo curso para fazer, uma forma de crescimento diferenciada. Seu caminho apenas começou; afinal, esse mundo foi por tanto tempo trilhado somente pelos homens...
Mas essa mesma mulher enfrenta, hoje, questões sérias e desafiadoras quando no exercício de sua função materna. Seu tempo é curto, diante das longas jornadas de trabalho e de estudo. Chega, ao final do dia, muitas vezes, cansada...o dinheiro anda curto, as crianças pedem tanto.... Preparar o jantar, ir ao supermercado, cuidar da casa, pagar contas, reuniões da escola, ser motorista dos filhos, acolher o companheiro que não está bem, a avó que está doente, conversar com a empregada...(Quem falou mesmo em dupla jornada???? Talvez quádrupla...) . Os papéis são mesmo muitos. Exigem bastante, física e emocionalmente. Como olhar os filhos com o tempo e a qualidade que ela exige de si própria? Sim, porque essa é uma mulher exigente, uma mulher que tem lutado duramente para conseguir proporcionar o melhor a sua família.
Essa não é mais a personagem da popular canção que tão inocentemente ilustrou um determinado momento de nossa sociedade...Ela parece ter ultrapassado limites, derrubado fronteiras, escalado montanhas...agora parece mais Maria, a que o poeta enxergou e, com a lucidez típica dos visionários, retratou ...
Maria, Maria é um dom, uma festa, magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer no planeta
Maria, Maria é um som, é a flor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas agüenta
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça, é preciso ter gana, sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria mistura a dor e a alegria
Milton Nascimento e Fernando Brant
Ah...esse Milton...Consegue resgatar a força daquelas mulheres, antes recolhidas ao lar e lança o sonho...o sonho das mulheres deste final de século. E nesse lançar traz à tona o que, de fato, é a vida. Mistura de sofrimento e felicidade. De choro e de riso. As mulheres estão sobrecarregadas? Mas o mundo inteiro está. Não conseguem ainda resgatar muito de sua função como mães? Mas os homens também....seu papel está indefinido, confuso...
Sinal de alerta: o que faz a diferença?
Uma parada sobre essa questão se faz necessária. Analisar a fadiga diária é também analisar a forma como se encara o cotidiano e seus desafios. Você tem sorrido? Olhado o mundo a seu redor? Tem ouvido música com prazer? O que faz ao chegar em casa? Corre para a cozinha? Dá um tempo para si própria? Ao encontrar seu filho, após a escola, consegue beijá-lo e, calmamente, olhá-lo nos olhos e perguntar como foi o seu dia? Aproveita seus momentos de motorista ou de cozinheira para ouvir seus casos? Diante de uma lição de casa a qual bravamente ele resiste, consegue respirar fundo, olhar em seus olhos e perguntar: “O que acontece?” Ou entra no embate direto? Se a relutância continua, permite-se dizer calma e firmemente: “Converse com sua professora a respeito. Nós dois não estamos conseguindo solucionar suas questões.”
Parecem pequenas coisas. Mas é o aparentemente insignificante que faz a diferença. É isso que diz a seu filho: “Estou aqui, a seu lado, apesar de correr muito.” Há problemas, questões mal resolvidas, lacunas a serem preenchidas, mas seu filho não precisa ter uma mãe perfeita. Nenhuma o é. Nem as do passado o foram. Ele necessita de uma mãe presente. E que procure, dentro de suas limitações, dar o melhor que consiga. Por tempos menores? Não faz mal...é uma criança inteligente, percebe sua luta diária. Sabe da sua força, da sua garra, admira-a por isso. Mas pede seu olhar e sua palavra, quer marcar sua presença, como que dizendo: estou aqui...olhe para mim... Nesses momentos bate o pé, fala alto, enfrenta você. Ou então faz outras coisas....sabe bem quais...Crianças são mestres nesse ofício, a arte da sedução...
A sedução da onipotência X Paradas obrigatórias
E por falar em sedução, cabe a pergunta: como essa correria toda, essa velocidade, esse emaranhado de coisas seduz, não é verdade? Seduz tanto que não se consegue delegar nada, absorve-se tudo. A mulher se apropria e não consegue distribuir tarefas ou as distribui em doses homeopáticas, supervisionando o trabalho de todos. Longo aprendizado...
É nesse momento que a imagem do freio de mão surge com tanta força. Há que se ter freio para o cotidiano. Freio. Paradas. Simples paradas. Pequenas pausas. Nelas conseguimos enxergar, com distanciamento, o olhar aflito de nosso filho que brigou na escola, o sorriso alegre e o encantamento de nossa filha com seu primeiro namorado...o rosto preocupado de nosso companheiro que teve problemas no trabalho... É nesses pequenos momentos, também, que essa mulher consegue olhar para si própria e se perguntar sobre seu limite.
Retomar o velho adágio
Ah...esse Milton...Consegue resgatar a força daquelas mulheres, antes recolhidas ao lar e lança o sonho...o sonho das mulheres deste final de século. E nesse lançar traz à tona o que, de fato, é a vida. Mistura de sofrimento e felicidade. De choro e de riso. As mulheres estão sobrecarregadas? Mas o mundo inteiro está. Não conseguem ainda resgatar muito de sua função como mães? Mas os homens também....seu papel está indefinido, confuso...
Sinal de alerta: o que faz a diferença?
Uma parada sobre essa questão se faz necessária. Analisar a fadiga diária é também analisar a forma como se encara o cotidiano e seus desafios. Você tem sorrido? Olhado o mundo a seu redor? Tem ouvido música com prazer? O que faz ao chegar em casa? Corre para a cozinha? Dá um tempo para si própria? Ao encontrar seu filho, após a escola, consegue beijá-lo e, calmamente, olhá-lo nos olhos e perguntar como foi o seu dia? Aproveita seus momentos de motorista ou de cozinheira para ouvir seus casos? Diante de uma lição de casa a qual bravamente ele resiste, consegue respirar fundo, olhar em seus olhos e perguntar: “O que acontece?” Ou entra no embate direto? Se a relutância continua, permite-se dizer calma e firmemente: “Converse com sua professora a respeito. Nós dois não estamos conseguindo solucionar suas questões.”
Parecem pequenas coisas. Mas é o aparentemente insignificante que faz a diferença. É isso que diz a seu filho: “Estou aqui, a seu lado, apesar de correr muito.” Há problemas, questões mal resolvidas, lacunas a serem preenchidas, mas seu filho não precisa ter uma mãe perfeita. Nenhuma o é. Nem as do passado o foram. Ele necessita de uma mãe presente. E que procure, dentro de suas limitações, dar o melhor que consiga. Por tempos menores? Não faz mal...é uma criança inteligente, percebe sua luta diária. Sabe da sua força, da sua garra, admira-a por isso. Mas pede seu olhar e sua palavra, quer marcar sua presença, como que dizendo: estou aqui...olhe para mim... Nesses momentos bate o pé, fala alto, enfrenta você. Ou então faz outras coisas....sabe bem quais...Crianças são mestres nesse ofício, a arte da sedução...
A sedução da onipotência X Paradas obrigatórias
E por falar em sedução, cabe a pergunta: como essa correria toda, essa velocidade, esse emaranhado de coisas seduz, não é verdade? Seduz tanto que não se consegue delegar nada, absorve-se tudo. A mulher se apropria e não consegue distribuir tarefas ou as distribui em doses homeopáticas, supervisionando o trabalho de todos. Longo aprendizado...
É nesse momento que a imagem do freio de mão surge com tanta força. Há que se ter freio para o cotidiano. Freio. Paradas. Simples paradas. Pequenas pausas. Nelas conseguimos enxergar, com distanciamento, o olhar aflito de nosso filho que brigou na escola, o sorriso alegre e o encantamento de nossa filha com seu primeiro namorado...o rosto preocupado de nosso companheiro que teve problemas no trabalho... É nesses pequenos momentos, também, que essa mulher consegue olhar para si própria e se perguntar sobre seu limite.
Retomar o velho adágio
O sonho move o mundo.... O freio é como que uma breve pausa para a retomada do rumo. São instantes preciosos porque neles você trabalha com elementos fundamentais para o seu bem-estar e o de sua família: o conhecimento, a sensibilidade, a intuição e o equilíbrio. Não, não trabalhe somente com o que lhe recomendam os manuais, aqueles grossos manuais que trazem fórmulas de sucesso para educar seus filhos. Lide com sua percepção. Receitas serão sempre receitas, contêm o básico. E o que faz você com elas? Muda o recheio da torta porque a fruta está em falta....aumenta ou diminui os ingredientes, dependendo do número de convidados...acrescenta um pouco mais de manteiga, porque fica mais saboroso... Enfim, você provoca alterações porque sabe o que deseja obter. Às vezes, as alterações são um sucesso, outras vezes, um fracasso. Mas, o que conta é que, naquele momento, você buscou fazer o que melhor podia, com os ingredientes de que dispunha, levando em conta seus convidados, seu orçamento.
O mesmo ocorre na educação de seus filhos. Erra-se com ou sem receitas. Não se incomode com o erro. Nada é irreversível quando se quer acertar. O velho adágio já diz: Só erra quem faz. Quando se está atenta e agindo, consegue-se construir um caminho muito particular e...muito coletivo. Particular porque sem mandamentos fechados, imutáveis, rígidos. Coletivo porque busca o bem-estar de todos que a rodeiam.
Retomando a Maria que permeia todas as mulheres:
na preparação da torta ou na educação dos filhos
"...é preciso ter manha, é preciso ter graça
é preciso ter sonho sempre..."
Você os tem?

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