
Por Norma Leite Aquilino
Houve uma época em que ler jornais e revistas dava-nos a sensação de que encontraríamos, de certa forma, uma possibilidade real de informação. Não é o que se percebe hoje. Os meios de comunicação parecem pautados por “verdades” vindas de diferentes vertentes políticas, como que a defender um ou outro candidato ou partido. O desejo do cidadão que vive num país democrático é encontrar fontes que busquem informar, se não com isenção, imparcialidade, mas, ao menos, com justiça e alguma sabedoria. Isso parece impossível diante das manchetes que lemos diariamente. Sentimento de desalento.
Como se não bastasse, tal sentimento se agrava quando se percebe a forma de ação de quem está no poder, seja na esfera federal ou nos governos estaduais. É asqueroso perceber como os políticos ignoram as leis em benefício próprio, fazem vista grossa ou mesmo até chacota da lei eleitoral que existe para ser cumprida por todos, independentemente do cargo que ocupem. É mais que descaso. É desaforo.
Vale tudo para se conseguir o poder ou nele se perpetuar: alianças espúrias, uso indiscriminado da mídia e da máquina pública, tentativas grosseiras de visibilidade internacional, inauguração de obras que não existem, mas estão em projeto, discursos mirabolantes que carecem de verdade, profundidade e sensatez.
Não se enxerga o real compromisso com um Brasil em que a corrupção seja algo a ser combatido ferozmente. Ao contrário. As alianças com o que existe de mais sujo e retrógrado estão estabelecidas. Em nome do poder tudo vale. Que importa se no passado estivemos em campos opostos e nos ofendemos? O que interessa se quem me apóia hoje esteve envolvido em escândalos e corrupção? Qual é o problema se temos crenças opostas? Temos mesmo? Ou era tudo discurso?
Não se enxerga uma proposta educacional consistente, provando que uma grande nação nasce da verdadeira formação de seus cidadãos. Ao contrário. Vemos os ensinos fundamental e médio enfraquecidos e inúmeras faculdades abertas sem a mínima qualidade exigida. Não são celeiros de sabedoria, com mestres de formação consolidada, são locais de se arrecadar fundos, alunos que lá estão como se estivessem num shopping, uma vez que a mercadoria principal dificilmente é o conhecimento. Profissionais mal formados, ausência de mão de obra qualificada. Como preencher os vazios das empresas, indústrias, se não há a real qualificação pedida pelos novos tempos?
Não se vislumbra uma preocupação real com a saúde. Ao contrário. Hospitais fechados ou funcionando de maneira inadequada,ineficiente, esperas longas e torturantes por exames durante meses, medicação cara, pessoas que ainda morrem nas filas. Abandono da classe social mais necessitada e busca por planos de saúde privados cada vez mais caros para suprir o que o Estado não cumpre, mas deveria por lei e pelo montante arrecadado.
Não se vê uma tomada de decisão efetiva contra a entrada de drogas e armas num país que possui cidades dominadas pelo narcotráfico. Jovens abandonados a sua própria sorte. Falta de perspectiva, violência, vidas interrompidas.
Há iniciativas em andamento? Até pode haver. Mas tudo o que se refere ao essencial acontece a passos lentos, como se o país padecesse de uma letargia permanente. Como se todo o resto supérfluo viesse primeiro diante das necessidades básicas do cidadão que paga impostos e precisa de serviços que estejam de acordo com o que lhes é descontado mês a mês.
Pobre cidadão. É a ele que pedem o voto. É a ele que se dirigem dizendo, uma vez mais, que tais políticos podem ser os condutores de um Brasil melhor, mais justo, mais fraterno. E agora, José? As urnas estão aí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário