segunda-feira, julho 27, 2009

O teu riso



Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

quarta-feira, julho 22, 2009

Aquário de Okinawa

O Okinawa Churaumi Aquarium é o segundo maior do mundo, fica em Motobu, Okinawa, Japão. As maiores atrações são as Arraias-Manta e os Tubarões-Baleia.

Música: "Please Don't Go" by Barcelona

Simplesmente assustador ver nossa insignificância diante de tanta beleza!

terça-feira, julho 21, 2009

E agora, a realeza do samba e um pouco da boa música...que ninguém é de ferro!

Clique no link do título e...cante junto!

Paulinho da Viola - Talismã
Acustico MTV

Lyrics

Talismã
Paulinho da Viola

Paulinho da Viola/Marisa Monte/Arnaldo Antunes

Eu não preciso de um talismã
Nem penso em meu amanhã
Vou remando com a maré
Eu não preciso de patuá
Nem peço ao meu orixá
Não vou na igreja, não sei rezar
Mas tenho fé
Pois agora quem eu quis
Também me quer

Por muito tempo
Eu batalhei o seu amor
Porém, você me desarmava
E só me dava o seu desdém

Quando me olhava parecia nem me ver
Eu era ninguém
Mas hoje em dia eu posso dizer
"Meu amuleto é meu bem"


source: http://letras.terra.com.br/paulinho-da-viola/1111703/

Leia Machado - O pai da prosa brasileira

Tudo nele tem razão de ser, o que o deixa extremamente alerta para incorporar improvisos

Por Daniel Piza

SÃO PAULO - Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) não teve filhos, mas transmitiu às novas gerações o legado de sua obra. É o pai da literatura brasileira e não apenas num gênero, o do romance, principalmente a partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). É também o pai da crônica - se Rubem Braga foi o príncipe, é porque antes houve um rei -, o pai do ensaio - pois de seu Instinto de Nacionalidade (1873) nasceram os Sérgios Buarques e Antonios Candidos - e o pai do conto - que sua primeira biógrafa, Lúcia Miguel Pereira, considerou exageradamente como o melhor de sua obra. Por isso tudo e mais alguns motivos, ele é, enfim, o pai da prosa brasileira moderna.

Leia o artigo completo, clique no link do título e viaje pela obra!

segunda-feira, julho 20, 2009

O intelectual do século XXI

Por Claudio Téllez

O século XXI começou com eventos terroristas de grandes proporções, que mudaram por completo a percepção que tínhamos das ameaças à segurança internacional. Após mais de quarenta anos de Guerra Fria, sob o perigo constante da aniquilação nuclear, e após uma década inteira de interlúdio, nos anos 1990, durante os quais o fim da expansão comunista visível iludiu boa parte do mundo livre com a possibilidade da concretização da paz e da harmonia entre as nações, a História que muitos pensaram ter chegado ao fim na verdade estava mais viva do que nunca, criando novos desafios para o pensamento.

Nem tanto ao hegelianismo sutil de Francis Fukuyama, nem tanto à visão realista de Samuel Huntington. O choque entre civilizações está presente nas dinâmicas do mundo contemporâneo, porém mais do que nunca o verdadeiro perigo reside nas ideologias. Se durante a Guerra Fria as ideologias eram explícitas, na atualidade elas se tornaram difusas e dissimuladas. O islamismo militante que perpetrou os atentados de 11 de setembro de 2001 e que atualmente mantém o mundo livre sob constante tensão é resultado, em grande parte, da intensa percolação ideológica que os soviéticos realizaram, de forma sistemática e paciente, como um de seus instrumentos de política externa.

A prática da desinformação e da manipulação política faziam parte das “medidas ativas”, dentro da ampla concepção de poder dos soviéticos que, ao contrário da concepção ocidental, envolvia forças de natureza não-militar. O principal objetivo das “medidas ativas” diretas e dissimuladas, realizadas a partir de uma complexa estrutura organizacional, era influenciar as diretrizes políticas nos países ocidentais, principalmente através da propaganda dissimulada, das operações com agentes de influência, da falsificação e da desinformação (oral e escrita).

Mesmo após a dissolução da União Soviética, em 1991, ainda sofremos com os efeitos de décadas de influência soviética nos meios informativos, culturais e acadêmicos. Com a intensificação do processo de globalização, principalmente a partir do início dos anos 1990, o substancial incremento no volume e na velocidade de transmissão das informações contribuiu para difundir os resultados das “medidas ativas” em escala planetária. O problema é que, além das reminiscências do período da Guerra Fria, ideólogos militantes continuam praticando ativamente a desinformação. A realidade do século XXI exige, portanto, intelectuais que saibam lidar de maneira rápida e eficiente com o bombardeio dos dados que recebem sem parar, sabendo qualificar de forma precisa as informações que vêm de todas as direções.

À primeira vista, o intenso fluxo informacional deveria dificultar a desinformação, pois como há mais facilidade no acesso aos dados, também seria aparentemente mais fácil identificar as distorções (ou mais difícil ocultá-las). Acontece que o questionamento das informações exige critérios, parâmetros muito sólidos como referenciais e a capacidade de analisar criticamente o que se recebe. É exatamente por isso que a promoção de uma educação de má qualidade contribui para a desinformação. Não é só a doutrinação ideológica que começa cedo, ainda nos primeiros anos escolares, e continua ao longo de praticamente toda a permanência dos indivíduos nas salas de aula; a destruição da capacidade crítica também faz parte da “educação politizada”.

Quando alguém vem com o conto de que a educação é um ato político, podemos muito bem perguntar: “De qual visão política, cara-pálida?” O sócio-interacionismo de Lev Vygotsky nada mais é do que uma pedagogia cuidadosamente formulada para doutrinação marxista nos bancos das escolas. O mesmo vale para a pedagogia militante de Paulo Freire, para quem a “revolução cultural” deve ter por objetivo o desenvolvimento do poder revolucionário (cf. Paulo Freire, “Pedagogia do Oprimido”). A aplicação dos preceitos de Freire, Vygotsky e de tantos outros é a perpetuação, em pleno século XXI, do que os soviéticos iniciaram com seu programa de “medidas ativas”. Corresponde ao intelectual do século XXI, portanto, a correta identificação e denúncia dos elementos doutrinários que estão presentes nas escolas, nas universidades, na mídia e nas produções culturais.

Para realizar essa tarefa, o intelectual do século XXI deve, antes de mais nada, ter os pés no chão. A sua formação deve ser ampla e diversificada, envolvendo tanto uma sólida e incessável formação humanística, quanto o desenvolvimento constante da capacidade de raciocínio abstrato e analítico. Contudo, o intelectual do século XXI não pode se dar ao luxo de não ter contato com o mundo como ele é, na realidade dura e cruel da competição pela sobrevivência no cotidiano. A sua formação, portanto, deve ser teórica e prática ao mesmo tempo: além da proficiência na tradição do pensamento ocidental, dos gregos aos nossos dias, ele deve também conhecer minuciosamente os detalhes do funcionamento de uma empresa ou de uma fábrica. Em outras palavras, ele deve dominar a capacidade de teorização e de generalização, mas sem se afastar dos processos singulares. No ponto de contaminação ideológica em que nos encontramos, somente o contato direto com a realidade é capaz de fornecer os parâmetros corretos para a identificação das falsificações e dos mecanismos de doutrinação que estão em toda parte.

O século XXI requer do intelectual uma formação integral, para que não caia nas armadilhas que conduzem à formação de um rebanho acrítico e manipulável. O intelectual deve ser um consagrado, como dizia Sertillanges, mas ao mesmo tempo deve ter consciência de que a realidade contemporânea impõe novos desafios que só podem ser corretamente compreendidos e abordados mediante o contato direto com os problemas do mundo real.

Publicado originalmente em http://www.claudiotellez.org/port/artigos/240607.html

Quando o ídolo se vai ou...As Parcas

Por Reinaldo Azevedo

Perguntam-me se não vou escrever nada sobre a morte de Michael Jackson. Música pop não é exatamente a praia em que ando com mais desenvoltura. Até onde acompanhava, esse rapaz teve a sua fase de ouro. Era, no gênero, talentoso, criativo, ousado. Mas é possível que tenha se deixado trair pelo mais perigoso de todos os demônios da legião que nos tenta todas as horas do dia: aquele que nos sopra aos ouvidos que nossas qualidades derivam de nossos defeitos; sem estes, não teríamos aquelas. É uma das farsas grotescas do diabo. Os defeitos, é claro, são só o que nos atrapalha.(continua...)

Clique no link do título para ler todo o arquivo, é maravilhoso!

Falando em política, mais precisamente em lavanderia...

Clique no link acima, a lavanderia está a todo vapor!

Por que tudo tem que ser assim?

sexta-feira, julho 17, 2009

E não é que elas são lindas?

Dois e dois:quatro


Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena

Como teus olhos são claros
e a tua pele morena
como é azul o oceano
e a lagoa,serena

como um tempo de alegria
por trás do terror me acena

e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena

sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena

mesmo que o pão seja caro
e a liberdade pequena.
Ferreira Gullar

Morrer para não conceder

"O Pagador de Promessas nasceu, principalmente, dessa consciência que tenho de ser explorado e impotente para fazer uso da liberdade que, em princípio, me é concedida.
Da luta que travo com a sociedade, quando desejo fazer valer o meu direito de escolha, para seguir o meu próprio caminho e não aquele que ela me impõe.
Do conflito interior em que me debato permanentemente, sabendo que o preço da minha sobrevivência é a prostituição total ou parcial.
Zé-do-Burro faz aquilo que eu desejaria fazer - morre para não conceder.
Não se prostitui."
Dias Gomes

Assista, é imperdível!
http://www.youtube.com/watch?v=XPLN_ZE3b68